Juliany preparou o espetinho com frutas bastante variadas
Toda quinta-feira as crianças têm uma aula especial
Os alunos da Emei José Calumby Filho aprendem através de uma metodologia diferente (Fotos: Ana Lícia Menezes)
Samuel aprendeu a importância das frutas para a saúde
O preparo daquilo que se come ganhou outros significados para crianças entre três e cinco anos de idade do bairro 17 de Março. Na Escola Municipal de Ensino Infantil (Emei) José Calumby Filho, toda quinta-feira é dia de lidar com alimentos e, mais do que isso, aprender com eles na prática.
Como única escola pública do Nordeste a aplicar a metodologia de ensino Waldorf, nada do que parece comum, de fato é. Tudo tem um propósito para a formação das crianças. Assim, totalmente fora da rotina de quando eles já recebem as refeições prontas nos pratinhos, uma vez por semana os pequenos recebem as instruções das professoras e passam a desenvolver o contato direto com aquilo que vai virar alimento e também fonte de aprendizado.
O primeiro contato na prática foi com o pão e, hoje, com as frutas. “A pedagogia Waldorf se aplica quando, ao estimular a criança a lidar com aquilo que ela vai comer, cria-se um vínculo afetivo da criança com o alimento. Aquilo que nós fazemos passamos a valorizar mais porque sabemos todo o processo que tivemos que desenvolver para que a ideia se tornasse real, palpável e, nesse caso, fonte de nutrição”, explicou a professora Márcia Soares, formada no tipo de metodologia aplicada na escola.
"São experiências que não são apenas na cabeça, no pensar, vão para o sentir e para o querer. Então, a própria família começa a valorizar. A criança vai pedir que a mãe faça, vai dar mais valor para o que a mãe e o pai fazem, e isso é estimulante", completa Márcia.
Aprendendo na prática
Esteiras improvisadas ajudaram a compor o ambiente para que a hora da comida fosse ainda mais divertida. Com frutas sortidas, os alunos foram auxiliados a compor o espetinho que serviu de fonte alimentar e aprenderam um pouco sobre como as frutas são produzidas e como elas chegam às feiras, mercados e aos lares.
Daniele, ou simplesmente Dani, como gosta de ser chamada, tem apenas quatro anos e era uma das mais empolgadas na hora de preparar o espetinho de frutas. Mesmo afirmando que não costuma ajudar os pais na hora de fazer a comida em casa, ela disse que, agora, vai até ensiná-los. “Coloquei as frutinhas que mais gosto no espetinho. Quando chegar em casa, vou ensinar para a minha mãe aprender”, contou entre sorrisos.
Já Samuel, de cinco anos, atento a cada movimento da “tia”, não demorou muito para entender que aquelas frutinhas fazem muito bem à saúde. “Eu gosto de fruta, não todas, mas gosto. A tia me contou que elas fazem bem e que vou crescer bem forte. Aí, coloquei bastante fruta no meu espetinho”, disse enquanto terminava de degustar a mistura de sabores.
Entre as frutas, mamão, maçã, banana, kiwi, morango e uva fizeram parte do café da manhã especial. Muitas das crianças ainda não conheciam todas as frutas, mas agora já sabem que podem tirar delas uma fonte melhor de alimento. Juliany, de quatro anos, foi criteriosa no preparo do seu espetinho. “Escolhi várias frutas para ficar bem colorido. A ‘tia’ falou que, quanto mais colorida a comidinha for, mas forte eu vou ficar quando for bem grande”, afirmou juntando uma porção generosa de frutas para organizar no espetinho.
Gresse Kelly, professora da turma, destacou que todas as quintas-feiras as crianças aprendem um pouco mais sobre aquilo que comem. “Temos o cuidado de explicar como as coisas são feitas e depois, quando o resultado é visto por elas, percebemos o prazer que têm em saborear algo que elas mesmas fizeram. Isso reforça a questão do senso de responsabilidade e também de valorização do 'eu' de cada uma delas, afinal, a escola trabalha para formar cidadãos melhores no futuro”, ressaltou.